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21/04/2025

Tinta e papel


Atualmente poucas pessoas se importam com tipos de papel, pois cada vez se escreve menos de forma manual e qualquer papel é usado com canetas esferográficas que predominam no mercado. As esferográficas descartáveis democratizaram a escrita, pelo seu baixíssimo custo. Sua tinta à base de óleos solúveis não é exigente quanto ao tipo de papel,  pois sua secagem é muito rápida e mesmo em papéis de baixa gramatura não borra ou ultrapassa para o verso.

Tintas à base de água,  como as usadas em canetas tinteiro e em instrumentos de desenho, entretanto,  têm melhor resultado em papéis específicos,  devido ao problema de sua absorção e secagem ser mais demorado.

É preciso sempre lembrar que tintas para desenho, como a nanquim, não devem ser usadas em canetas tinteiro, pois apesar do solvente ser água,  esta tinta é composta de goma aglutinante (cola) que depois de seca não se dissolve mais com água, o que resulta em entupimento irreversível. Tintas de impressoras também não devem ser utilizadas, pois incorporam elementos prejudiciais.

Canetas tinteiro são mais exigentes quanto a tinta e papel quando se deseja uma experiência mais agradável de escrever e uma melhor conservação dos componentes da caneta. Tintas e papéis de maior qualidade custam mais caro e não são tão fáceis de se encontrar no comércio de rua. Dependendo do tipo procurado é preciso adquirir no exterior ou no comércio virtual. Isso se deve ao baixo consumo, o que restringe a oferta.

As tintas mais tradicionais,  normalmente associadas a marcas famosas, são as mais recomendadas, como: Skrip da Sheaffer, Quink da Parker, Pelikan, Montblanc, J.Herbin, etc. Deve haver cautela com tintas asiáticas mais baratas.

Papéis de gramaturas mais elevadas, no mínimo de 90 g/m2,  são mais adequados para canetas tinteiro, mas existem papéis mais especificamente fabricados, como os de marca Rhodia, Clairefontaine, Leuchtturm1917 entre outros, que possuem textura, espessura e resistência adequadamente projetados. Há ainda papéis com revestimento especial com este propósito.

A transição da caneta tinteiro para a esferográfica acarretou numa mudança de cultura na escrita, principalmente no ocidente, que parece irreversível e o mercado ficou restrito. Felizmente essa cultura ainda sobrevive na Ásia principalmente, o que tem mantido ainda a sobrevivência e oferta destes produtos.

16/04/2025

Pena, aparo ou "nib"


A peça mais importante da caneta tinteiro é mais conhecida como pena, nome derivado dos primórdios da escrita, quando eram utilizadas penas de aves aparadas como canetas. Daí também vem a origem do nome aparo. As pontas destes  instrumentos eram mergulhadas em tinta e depois usadas na escrita. Em inglês é referida como "nib" e em espanhol pluma.


Com o tempo e avanços tecnológicos,  as penas passaram a ser confeccionadas em metal, e até hoje equipam as canetas tinteiro. Ligas metálicas de muitos tipos são usadas. Basicamente são ligas de aço que podem ser revestidas de outros metais, como  o ouro por exemplo. Penas de ouro são mais caras, mas mesmo elas podem ser consideradas ligas, pois o ouro puro é um metal demasiado mole.


As penas em sua maioria são bipartidas, formando duas pernas (“tines”), para obter um canal por onde a tinta flui. Em sua maioria também possuem um orifício onde a bipartição começa, para melhorar a resistência do conjunto.


Duas características importantes das penas são: espessura e flexibilidade. A espessura está relacionada à escrita, como fina, média, grossa, etc. A flexibilidade permite formatos variados de estilos em função da pressão e torção da pena durante o uso. Normalmente as penas são mais rígidas que flexíveis, para proporcionar uma escrita de espessura uniforme.


Com a descoberta de metais mais duros que o aço no século XIX,  como o irídio e outros, passou-se a engastar uma pequena ponta destes metais na extremidade das penas, resolvendo o problema do desgaste metálico das pontas devido ao atrito com o papel e também a corrosão provocada pela tinta. Devido ao alto custo do irídio,  outros metais mais baratos e menos raros também são usados atualmente, apesar de costumeiramente serem genericamente chamados de iridium.


Além das penas comuns de canetas tinteiro, existem penas menos populares, usadas principalmente em caligrafia. São chamadas "Stub" e são fabricadas em variados formatos de ponta, para diversas espessuras, retas e oblíquas, o que permite aos calígrafos infinitos efeitos especiais de escrita, combinando as diferenças proporcionadas pela variação da movimentação horizontal e vertical da pena.


As penas são fixadas nos alimentadores, peças de material polimérico que as ligam ao reservatório de tinta e normalmente substituições e reparos exigem algum conhecimento ou até serviço profissional. Entretanto,  alguns modelos de canetas são projetados para facilitar a substituição. Há casos de penas rosqueáveis ou apenas fixadas por pressão, que não exigem habilidades ou ferramentas para remoção e colocação.


O mais importante para uma boa conservação da pena é  o uso de tintas de boa procedência, pois há  tintas que podem provocar danos irreversíveis devido a corrosão e entupimento.


01/08/2022

Lucky Curve e Jack Knife

Vazamento de tinta sempre foi uma grande preocupação nos projetos das canetas tinteiro. 

No final do século XIX e início do XX a Parker introduziu em algumas de suas canetas dois mecanismos visando prevenir ou evitar este tipo de incômodo aos consumidores que ficaram famosos e muito citados até hoje. Como são internos, podem passar despercebidos pelos usuários, a não ser pelas inscrições no corpo e na tampa das canetas.

O primeiro foi um alimentador chamado de "Lucky Curve", devido a sua forma curva, que se propunha a evitar que a tinta suba pela pena com a caneta em repouso acondicionada no bolso, e consequentemente provoque vazamento. Este dispositivo recebeu patente em 1894 e passou então a ser usado em alguns modelos.

O segundo foi uma tampa dupla, sendo uma interna e outra externa projetada de tal forma que blinda totalmente a pena e a secção, impedindo definitivamente qualquer vazamento de tinta para fora do invólucro independentemente de como a caneta seja transportada. Este dispositivo foi apelidado de "Jack-Knife Safety", derivado da palavra "jackknife" que em inglês significa canivete. A Parker obteve a patente em 1912 e então suas canetas passaram a contar com estes dois dispositivos de segurança e as canetas deste período também são conhecidas como "Jack Knife".

Canetas dessa época são difíceis de serem encontradas, mas ainda são oferecidas em sites especializados. Os preços, entretanto, são altos.

01/07/2022

Conversor: universal x proprietário

Muitos usuários das canetas tinteiro não simpatizam muito com o uso de cartuchos descartáveis de tinta, pelo custo/benefício e limitação de cores, e portanto, logo após adquirir uma caneta com este sistema de carga saem a procura de um conversor próprio. Canetas c/c (cartucho/conversor) dominam o mercado de canetas novas e para converter uma caneta que venha acompanhada apenas de um cartucho em uma caneta com um sistema de abastecimento próprio de tinta engarrafada é preciso adquirir um conversor compatível. 

Ocorre que apesar de haver um tipo de conversor padronizado internacionalmente, as marcas mais famosas ainda continuam a manter padrões proprietários, ou seja, utilizam cartuchos e conversores com dimensões que só servem em suas próprias marcas.

Consequentemente isso cria dois grandes problemas. O primeiro é que dificulta encontrar a peça no mercado e o segundo é que encarece ainda mais o produto. Conversores proprietários custam muito mais caro que conversores universais. Além disso, torna impossível a intercambialidade entre conversores de diferentes marcas líderes de mercado.

Dentre as marcas que não adotam o padrão internacional estão: Parker, Sheaffer, Waterman, Montblanc, Pilot, Cross, Aurora e Lamy.

Normalmente marcas menos famosas e principalmente as chinesas adotam o padrão internacional, mas na dúvida é sempre necessário se certificar, pois algumas marcas usam o padrão internacional para o cartucho e um conversor proprietário.

13/06/2022

O plástico, a resina e os preciosos polímeros

O corpo e a tampa das canetas são basicamente fabricados a partir de dois tipos de materiais: metal e/ou polímeros.


Quando o material é o metal todos entendem o significado do ouro, prata, aço, etc... e conhecem os cuidados que devem ser tomados com esses tipos de materiais.

Entretanto, quando se trata de polímeros há muita desinformação, o que acaba por gerar justificadas dúvidas. Nas descrições é comum o uso de termos genéricos como "resina" e "plástico", que a rigor não significam nada, pois o que se espera saber do material usado na caneta é o termo específico.

Os polímeros podem ser naturais (borracha, celulose, etc) ou sintéticos (PVC, acrílico, etc). Os sintéticos normalmente são derivados do petróleo.

A moldagem e usinagem das peças exige características específicas dos materiais, além de aceitarem acabamentos estéticos especiais. Foram vários os polímeros usados na fabricação das canetas tinteiro ao longo do tempo e, claro, acompanhou a evolução destes materiais ao longo dos anos.

De início a ebonite, que é borracha endurecida, se mostrou o material disponível na época mais adequado e portanto foi usada nas canetas tinteiro mais antigas, mas ainda pode ser usada nas atuais. A  predominância da cor preta nas primeiras canetas foi devido a dificuldade de se obter ebonite colorida.

Mais tarde, passaram a usar os polímeros mais conhecidos atualmente, como o celulóide, poliestireno, acrílico,  policarbonato, entre outros. Surgiram então canetas coloridas, rajadas e até transparentes. Cada um deles deixou marcas em seu tempo, compondo canetas comuns ou famosas e descartáveis ou duráveis. Há diferenças de custo e também vantagens e desvantagens associadas a cada um que dependem da suas propriedades físicas e químicas, daí a importância de se conhecer com que material estamos lidando, para poder evitar danos que possam ser prevenidos em manipulações, pois alguns são mais frágeis (poliestireno), outros sensíveis a reações químicas com outros produtos, como algumas tintas e álcool (celulóide) por exemplo.

Apesar de importante, nem sempre é fácil identificar o  polímero específico das canetas e neste caso só pesquisas direcionadas podem ajudar na obtenção da informação, mas nem sempre se obtém sucesso. Alguns exemplos:

1-Parker 21 foram fabricadas em poliestireno;

2-Parker Vacumetic em celuloide;

3-Montblanc atuais e outras canetas de alto preço dizem usar "resina preciosa", termo esse originado da tradução do que seria "plástico de alta qualidade", ou seja, não é possível saber exatamente do que se trata, mas deve ser algum tipo de acrílico (plexiglass).

09/10/2018

Reservatório de tinta de canetas tinteiros

Sistemas de enchimento

Até 1883, as canetas não possuíam reservatórios de tintas acoplados, apesar de haver idéias, patentes e até protótipos de dispositivos com esta finalidade, mas o desempenho não era bom. Em 1884, L.E.Waterman começou a produzir a primeira caneta com reservatório funcional e desempenho aceitável. É considerada então a primeira caneta tinteiro (fountain pen) com reservatório do mercado. Porem esta caneta era abastecida de tinta através de um conta-gotas (eye-dropper). Faltava ainda um mecanismo próprio (self filling) de enchimento das canetas. Em 1897, Roy Conklin registrou a patente de um dispositivo chamado Crecent filler. Era um reservatório de borracha (rubber sack) acionado por um arco com aspecto de lua crescente colocado de forma a ser pressionado na parte externa da caneta. Com a pena mergulhada na tinta, pressionando este arco o mecanismo comprimia o saco de borracha e depois de soltá-lo a expansão da borracha sugava a tinta para seu interior. Este mecanismo é o/ou um dos primeiros self filling. Daí em diante, vários mecanismos de enchimento foram desenvolvidos e incorporados pelos diversos fabricantes em suas canetas. Os principais são os seguintes:

1-Com uso de saco de borracha ou plástico:

1.1-Crecent Filler;

1.2-Alavanca lateral (Lever Filler);

1.3-Botão;

1.4-Aerométrico: saco de plástico (Pli-glass) introduzido pela Parker 51 em 1941;

1.5-Pneumático (Snorkel e Touchdown).

2-Vácuo:

2.1-Diafragma (Lockingdow Filler, Speedline Filler e Plunger Filler);

2.2-Êmbolo (Vacuum Fill).

3-Pistão: conversores (em uso na maioria das canetas atuais). 

4-Célula coletora plástica (Parker 61): enchimento por capilaridade (fora de uso).

5-Cartucho descartável: concomitantemente com conversores ou não. Observação: Existem Canetas Rollerballs que usam cartuchos universais e/ou conversores de canetas tinteiro.