22/10/2022

Reynolds, uma lenda viva

O húngaro Lászió Biró patenteou a esferográfica em 1938 e chegou a produzir a caneta Birome na Argentina, mas foi o americano Milton Reynolds quem protagonizou os primeiros sucessos de venda em 1945 nos EUA. Biró havia vendido os direitos de sua patente em 1944 para a Eversharp, mas Reynolds modificou o projeto original que funcionava por capilaridade por outro que funcionava por gravidade, usando uma tinta mais fluida. Assim se protegeu dos direitos de patente alheio e se antecipou à Eversharp no mercado americano, mas gerou problemas de qualidade no produto, pois as canetas vazavam.

Mais tarde, em 1949, Biró vendeu os direitos para o francês Marcel Bich, que lançou em 1950 sua versão BIC na França. O sucesso foi imediato e permanece até hoje. Uma caneta de qualidade, durável e tão barata que é descartável após o término da tinta. Só em 1959 as BIC entraram no mercado dos EUA.

Reynolds também expandiu seu negócio para a França e a Índia. A fábrica americana foi fechada em pouco tempo e a produção ficou concentrada na Europa e Ásia. Milton Reynolds vendeu sua participação na empresa, se mudou para o México e passou a se dedicar a outros negócios. Mais recentemente a fábrica francesa também foi encerrada e hoje sobrevive apenas a Indiana, onde o mercado é ainda dominado pela marca e agora pertence ao conglomerado americano Newell Brands Inc., que também é dono da Parker e Waterman, dentre outras.

Apesar de pouco conhecida atualmente, a Reynolds é considerada um ícone pelo pioneirismo e história, sendo a marca sobrevivente de canetas esferográficas mais tradicional do mercado e ainda pode ser encontrada e comprada para uso. É só procurar!





29/08/2022

Datas da Parker

A Parker ao longo do tempo marcou no corpo de suas canetas códigos de identificação das datas em que foram fabricadas.


Entretanto, esses códigos foram modificados em determinadas épocas e suprimidos em outras. Portanto, é preciso estar atento a isso. 

Segue abaixo estes códigos, separados por períodos anuais:

1 - Até 1931 não havia códigos.

2 - De 1932 a 1955:

Está gravado o último dígito do ano com nenhum, um, dois ou três pontos ao redor para identificar o quarto, terceiro, segundo e primeiro trimestre, respectivamente. Exemplo: .0. significa segundo trimestre de um ano terminado em zero.

3 - De 1956 até 1979 não há códigos.

4 - De 1980 em diante:

O ano é identificado pela ordem da letra da frase QUALITYPEN, começando por zero (Q) e terminando em 9 (N). Exemplo:  a letra correspondente a 1985 é T.

4.1 - De 1980 a 1986:

O trimestre é identificado pela ordem da letra da palavra ECLI, começando por 1 (E) e terminando em 4 (I). Exemplo: YC, ano terminado em 6 (Y), ou 1986, segundo trimestre (C).

4.2 - De 1987 a 1999:

O trimestre precede o ano e é identificado por sistema análogo aos pontos, mas com barras verticais III, II, I ou nada, para o primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestre, respectivamente. Exemplo: IIL, segundo trimestre (II) de ano terminado em 3 (L) ou 1993.

4.3 - De 2000 em diante:

Reverte-se a ordem para ano/trimestre  com um ponto no meio. Exemplo: P.I, ano terminado em 7 (P), terceiro trimestre (I).

22/08/2022

A longeva Parker 45

Canetas com cartucho foram testadas no mercado muito antes da Parker 45. Por vários motivos, nenhuma delas obteve o sucesso pretendido.


A Eversharp possuía um projeto de cartucho promissor e a Parker ao adquirir a concorrente em 1957 deu continuidade ao projeto e acrescentou suas próprias ideias.

Inovou oferecendo além do cartucho de plástico descartável, o conversor adaptável e colocou no mercado a 45 em 1960 a preços baixos (U$5,00). Batizada em analogia a uma arma de cartuchos (Colt 45) com pena de aço de fácil remoção e corpo delgado, era direcionada ao mercado popular. Até hoje o padrão proprietário cartucho/conversor da Parker é o mesmo para todas as canetas de sua marca, desde as primeiras 45. A pena rosqueável permitia troca por outra de espessura diferente, o que gerou comercialização de penas avulsas de variados tipos que o próprio usuário fazia a substituição. 

Provavelmente é a caneta com mais variedades de cores e modelos já fabricados e permaneceu no mercado até 2007, ou seja, por 47 anos. São canetas bastante acessíveis em preço e com muita oferta de usadas. São boas canetas, porém as mais procuradas são as de metal, por serem mais robustas e há também modelos de luxo.

Hoje canetas cartucho/conversor predominam no mercado de canetas novas, maior legado da Parker 45.

15/08/2022

A efêmera Parker 41

Para atender um nicho de mercado específico a Parker introduziu em 1956 a Parker 41, apelidada de Debutante. 


Era uma caneta intermediária entre a "21" e a "51", ou seja, era mais barata que a "51" e mais cara que a "21". Entretanto estava mais para uma super "21" que uma "51", principalmente pelos materiais usados do que pelo aspecto visual.

A característica mais marcante é seu modelo de tampa mais comum, em aço escovado com uma jóia preta no topo. Há um outro modelo de tampa com aspecto de  "escamas de peixe", mais raro. A pena era de octânio (liga composta por oito metais) e o enchimento aerométrico em U, idêntico aos da super "21". Suas peças, portanto, são na maioria intercambiáveis com a super "21". Entretanto, nas 41 há gravação do modelo na tampa e no invólucro de metal do saco de tinta. 

Outra característica é uma variedade de cores do corpo em tons mais vivos, direcionadas na época ao público feminino, cores estas muito procuradas hoje.

Ficou no mercado por apenas dois anos, tendo sido descontinuada em 1958. Esse é o motivo de preço tão caro atualmente, pois devido a baixa produção são raras as ofertas.

08/08/2022

Made in China

Muitos aficionados e colecionadores de canetas têm preconceito com as marcas chinesas, apesar de alguns indicarem como boa alternativa para iniciantes, devido ao baixo preço.


Entretanto, algumas marcas chinesas já estão no mercado há quase 100 anos e podem ser consideradas tradicionais e de qualidade. As mais conhecidas no Brasil são a Hero e Jinhao.

O grande problema são as vergonhosas falsificações. Canetas icônicas de marcas famosas como as "51" e "Duofold", por exemplo, também são costumeiramente alvo de réplicas e imitações, mas as falsificações ultrapassam o razoável e as Montblanc são as preferidas. Tudo é copiado, desde o logo da marca até o número de série. O modelo 149 "fake" é vendido nos sites por menos de U$30,00 com frete incluso. A diferença de preço é astronômica, mas o melhor é ficar longe dessas "ofertas".

Outrossim,  é possível encontrar boas alternativas de acessórios e canetas por preços acessíveis no mercado chinês, facilitado pelas compras online. Conversores universais, por exemplo, podem ser comprados por R$1,00. Há ofertas de canetas tinteiro retrátil, de corpo em madeira e até vacuum fill.

A vacuum fill  Wing Sung 699 em particular é uma caneta incomum nos dias de hoje. A Sheaffer produziu canetas com este sistema de enchimento entre 1934 e 1949. Hoje é quase impossível encontrar uma caneta dessas e as que aparecem são muito caras. A 699 pode ser comprada por U$30,00. Claro, não é a mesma coisa, mas para quem quiser ter a sensação indescritível de usar este sistema de abastecimento que enche o grande reservatório com apenas um golpe é uma boa alternativa. As canetas são transparentes, o que permite ao consumidor ver todo o processo.

Antigamente as canetas tinteiro eram fabricadas de forma quase artesanal, com os melhores materiais e testadas uma a uma. Ainda há fabricantes que mantêm essa prática, o que eleva bastante o custo e consequentemente o preço final. São canetas para durar décadas e são essas as preferidas pelos colecionadores.

É claro que as canetas mais baratas como as chinesas são produzidas em série por processos fabris menos cuidadosos. Mas isso não quer dizer que não sejam boas canetas para o uso diário. Entretanto, no futuro, é pouco provável haver procura por elas no mercado de usados.

01/08/2022

Lucky Curve e Jack Knife

Vazamento de tinta sempre foi uma grande preocupação nos projetos das canetas tinteiro. 

No final do século XIX e início do XX a Parker introduziu em algumas de suas canetas dois mecanismos visando prevenir ou evitar este tipo de incômodo aos consumidores que ficaram famosos e muito citados até hoje. Como são internos, podem passar despercebidos pelos usuários, a não ser pelas inscrições no corpo e na tampa das canetas.

O primeiro foi um alimentador chamado de "Lucky Curve", devido a sua forma curva, que se propunha a evitar que a tinta suba pela pena com a caneta em repouso acondicionada no bolso, e consequentemente provoque vazamento. Este dispositivo recebeu patente em 1894 e passou então a ser usado em alguns modelos.

O segundo foi uma tampa dupla, sendo uma interna e outra externa projetada de tal forma que blinda totalmente a pena e a secção, impedindo definitivamente qualquer vazamento de tinta para fora do invólucro independentemente de como a caneta seja transportada. Este dispositivo foi apelidado de "Jack-Knife Safety", derivado da palavra "jackknife" que em inglês significa canivete. A Parker obteve a patente em 1912 e então suas canetas passaram a contar com estes dois dispositivos de segurança e as canetas deste período também são conhecidas como "Jack Knife".

Canetas dessa época são difíceis de serem encontradas, mas ainda são oferecidas em sites especializados. Os preços, entretanto, são altos.

25/07/2022

A dança corporativa das grandes marcas

Na primeira metade do século XX os maiores fabricantes de canetas eram conhecidos como os quatro grandes, ou "big four". Eram eles: Parker, Sheaffer, Waterman e Eversharp, todos americanos.


De lá para cá essas e outras companhias invariavelmente passaram por fusões, aquisições e falências. Algumas desapareceram e outras foram criadas. Outras ainda ressuscitaram, ou pelo menos as marcas de algumas canetas antigas e famosas retornaram ao mercado, como no caso da Conklin e Esterbrook, ambas nos EUA.

No mercado asiático grandes empresas foram criadas, algumas a partir da fabricação de réplicas de canetas famosas e até falsificações de marcas de grife no Japão,  China, Índia, etc. Hoje são marcas estabelecidas que fabricam boas canetas para todos os gostos e preços. Empresas americanas e europeias inclusive se estabeleceram na Ásia para uso de mão de obra de menor custo.

E como estão hoje as quatro grandes? De uma forma ou outra, todas acabaram sendo incorporadas à grandes corporações empresariais multinacionais, vejamos:

A Sheaffer foi adquirida pela francesa Bic e depois pela AT Cross Company, outra famosa fabricante americana de canetas e mais especificamente de lapiseiras. 

A Eversharp foi adquirida pela Parker. A Parker foi comprada pela também americana Gillette. A Waterman foi absorvida pela sua própria subsidiária francesa e depois  passou pela Bic e pela Gillette. Agora Parker e a Waterman fazem parte de um mesmo conglomerado americano: Newell Brands Inc.

Cabe mencionar ainda que a alemã Montblanc foi comprada pelo conglomerado suíço Compagnie Financière  Richemont  que é dono também da Cartier e Montegrappa, dentre outras marcas.

Como de costume, o mercado de aquisições é dinâmico e global e ao longo do tempo é possível supor que no futuro outras trocas acontecerão.

18/07/2022

Inscrições & símbolos

O corpo, a tampa, o clipe, a pena, o alimentador e o invólucro do sistema de abastecimento das canetas tinteiro podem conter inscrições que ajudam a conhecer melhor a caneta e até na datação da mesma. Pode haver ainda símbolos com significados interessantes. Alguns exemplos:


1) Metais

x Kgf (gold filled)= folheado a ouro x Kilates.

y Kgp (gold plated) = banhado a ouro y Kilates.

1/x y Kgf = 1/x do peso (da tampa por exemplo) em ouro y Kilates.

Observações:

Vermeil = prata revestida com ouro.

Ródio = metal nobre usado em revestimento de outros metais das canetas.

Iridium = metal duro usado na ponta das penas. As penas podem ser em ouro ou aço inox. As de aço podem ser revestidas de ouro. As gravações ajudam na identificação do material. As pontas, entretanto, são em metal duro como o irídio.

2) Símbolos 

Ponto branco (white dot) = símbolo inserido em 1924 no topo das tampas das canetas Sheaffer para representar garantia vitalícia para o comprador original.

Diamante azul (blue diamond) = símbolo inserido em 1939 no clipe das canetas Parker para também representar garantia vitalícia para o comprador original. Nas Parker em particular há códigos gravados para identificar a data da fabricação, a menos das produzidas antes de 1932 e entre 1956 e 1979.

Normalmente são gravados ainda a marca ou logo do fabricante, o modelo da caneta, a espessura da pena (fina, média, grossa, etc...) e o país de origem.

11/07/2022

Duofold e a "big red"

Ano, 1921. Ideia: fabricar uma caneta vermelha. Parece que a Parker resistiu inicialmente a essa ideia, mas foi assim que nasceu uma das mais icônicas canetas tinteiro, a "big red".


Com abastecimento pelo sistema de botão foram inicialmente fabricadas em ebonite e posteriormente em celuloide. Não era barata, custava US$ 7,00. Mesmo assim foi um sucesso imediato de vendas e logo se diversificou em cores (inclusive preta para os mais conservadores), dimensões e pequenos detalhes decorativos. Mais tarde foram fabricadas com o sistema de enchimento Vacumetic também. 

Ao longo do tempo a tonalidade do vermelho foi ligeiramente alterada e foi copiada por outras marcas. Até hoje há réplicas chinesas à venda.

Ficou no mercado por muito tempo (foram descontinuadas no final da década de 1930) e voltou modernizada em 1988 no centenário da Parker, ou seja, é possível ainda comprar uma novinha em folha.

01/07/2022

Conversor: universal x proprietário

Muitos usuários das canetas tinteiro não simpatizam muito com o uso de cartuchos descartáveis de tinta, pelo custo/benefício e limitação de cores, e portanto, logo após adquirir uma caneta com este sistema de carga saem a procura de um conversor próprio. Canetas c/c (cartucho/conversor) dominam o mercado de canetas novas e para converter uma caneta que venha acompanhada apenas de um cartucho em uma caneta com um sistema de abastecimento próprio de tinta engarrafada é preciso adquirir um conversor compatível. 

Ocorre que apesar de haver um tipo de conversor padronizado internacionalmente, as marcas mais famosas ainda continuam a manter padrões proprietários, ou seja, utilizam cartuchos e conversores com dimensões que só servem em suas próprias marcas.

Consequentemente isso cria dois grandes problemas. O primeiro é que dificulta encontrar a peça no mercado e o segundo é que encarece ainda mais o produto. Conversores proprietários custam muito mais caro que conversores universais. Além disso, torna impossível a intercambialidade entre conversores de diferentes marcas líderes de mercado.

Dentre as marcas que não adotam o padrão internacional estão: Parker, Sheaffer, Waterman, Montblanc, Pilot, Cross, Aurora e Lamy.

Normalmente marcas menos famosas e principalmente as chinesas adotam o padrão internacional, mas na dúvida é sempre necessário se certificar, pois algumas marcas usam o padrão internacional para o cartucho e um conversor proprietário.

20/06/2022

Lamy 2000

Desde 1966 a caneta tinteiro Lamy 2000 se mantém em produção e ainda hoje é uma das canetas mais desejadas pelos aficionados. 


É vendida nas principais lojas e sites especializados por valor pouco acessível. No exterior pode ser comprada por algo em torno de US$200,00 no modelo mais barato, mas no Brasil se torna muito mais cara devido ao acréscimo de taxas de importação, impostos, frete, etc.

Seu design é ainda considerado dos mais bonitos e apreciados por usuários de todo o planeta, mesmo depois de tanto tempo. Possui sistema de abastecimento de pistão acionado pela tampa cega, pena de ouro, clipe com mola, janela de tinta e encaixe  da tampa sob pressão. É comercializada com opções de espessura de pena (grossa, média e fina) e basicamente com corpo em aço escovado (mais cara) ou preto em policarbonato com fibra de vidro (makrolon).

Há pouca disponibilidade no mercado de usados, apesar de poder ser encontrada facilmente para aquisição de novas. Demonstra que são muito robustas e duráveis e, portanto, desperta pouco interesse nas pessoas de se desfazerem de suas canetas mais velhas. 

Tudo indica que vai continuar em linha de produção por muito tempo ainda.

13/06/2022

O plástico, a resina e os preciosos polímeros

O corpo e a tampa das canetas são basicamente fabricados a partir de dois tipos de materiais: metal e/ou polímeros.


Quando o material é o metal todos entendem o significado do ouro, prata, aço, etc... e conhecem os cuidados que devem ser tomados com esses tipos de materiais.

Entretanto, quando se trata de polímeros há muita desinformação, o que acaba por gerar justificadas dúvidas. Nas descrições é comum o uso de termos genéricos como "resina" e "plástico", que a rigor não significam nada, pois o que se espera saber do material usado na caneta é o termo específico.

Os polímeros podem ser naturais (borracha, celulose, etc) ou sintéticos (PVC, acrílico, etc). Os sintéticos normalmente são derivados do petróleo.

A moldagem e usinagem das peças exige características específicas dos materiais, além de aceitarem acabamentos estéticos especiais. Foram vários os polímeros usados na fabricação das canetas tinteiro ao longo do tempo e, claro, acompanhou a evolução destes materiais ao longo dos anos.

De início a ebonite, que é borracha endurecida, se mostrou o material disponível na época mais adequado e portanto foi usada nas canetas tinteiro mais antigas, mas ainda pode ser usada nas atuais. A  predominância da cor preta nas primeiras canetas foi devido a dificuldade de se obter ebonite colorida.

Mais tarde, passaram a usar os polímeros mais conhecidos atualmente, como o celulóide, poliestireno, acrílico,  policarbonato, entre outros. Surgiram então canetas coloridas, rajadas e até transparentes. Cada um deles deixou marcas em seu tempo, compondo canetas comuns ou famosas e descartáveis ou duráveis. Há diferenças de custo e também vantagens e desvantagens associadas a cada um que dependem da suas propriedades físicas e químicas, daí a importância de se conhecer com que material estamos lidando, para poder evitar danos que possam ser prevenidos em manipulações, pois alguns são mais frágeis (poliestireno), outros sensíveis a reações químicas com outros produtos, como algumas tintas e álcool (celulóide) por exemplo.

Apesar de importante, nem sempre é fácil identificar o  polímero específico das canetas e neste caso só pesquisas direcionadas podem ajudar na obtenção da informação, mas nem sempre se obtém sucesso. Alguns exemplos:

1-Parker 21 foram fabricadas em poliestireno;

2-Parker Vacumetic em celuloide;

3-Montblanc atuais e outras canetas de alto preço dizem usar "resina preciosa", termo esse originado da tradução do que seria "plástico de alta qualidade", ou seja, não é possível saber exatamente do que se trata, mas deve ser algum tipo de acrílico (plexiglass).

06/06/2022

Eversharp Skyline

A Wahl-Eversharp  era considerada uma das quatro grandes entre as marcas de canetas, ao lado da Parker, Sheaffer e Waterman. É uma marca que se destacou e é ainda muito lembrada pelo estilo e qualidade.

Uma de suas canetas mais icônicas foi a  Skyline (inicialmente Skyliner) produzida entre 1941 e 1948. Nesta época, pela quantidade de canetas produzidas  se equiparou com as "51". Seu design ficou marcado como futurista e lembrava o perfil de uma moderna locomotiva daquele tempo.

Possuía uma novidade, que era um tubo de respiro para evitar vazamento por diferença de pressão em aviões. A operação de sua  alavanca lateral  difere ligeiramente das demais, pois seu percurso é limitado devido a presença desse tubo que fica dentro do reservatório de borracha.

Era comercializada em três tamanhos: Executivo,  standard e demi (ou lady).

O clipe preso ao topo da tampa esconde a caneta no bolso, o que era ideal para uso com uniformes militares, pois permite o fechamento da aba.

A empresa foi adquirida pela Parker em 1957.

01/06/2022

Conklin e Mark Twain

Roy Conklin inovou ao patentear o sistema de abastecimento de tinta conhecido como Crescent Filler em 1897. É citado como o primeiro sistema funcional para canetas tinteiro de auto abastecimento. Era uma peça em forma de meia lua que ficava na lateral do corpo da caneta e que ao ser pressionada comprime um reservatório de borracha para sugar a tinta. Era complementado por um anel central móvel para travar o mecanismo 

Apesar do sucesso, as opiniões sobre o sistema não foram unânimes. Alguns achavam incômodo aquele arranjo de uma peça metálica sobressaindo da caneta. Não era o caso de Mark Twain, que assumiu sua preferência por essas canetas, alegando que era a única que não rolava pela mesa, e para ele isso era uma grande vantagem, pois diminuía o risco de quedas. Passou então a fabricar outros modelos com o sistema de alavanca lateral introduzido pela Sheaffer's.

A Conklin além desse pioneirismo inicial inovou outras vezes, como um clipe com mola para facilitar o uso em bolso e o modelo Nozac, ou sem saco de borracha (no sac) usando sistema de êmbolo. Essa caneta tinha grande capacidade de tinta, era semi transparente e com marcação de consumo.

Depois de ser assumida por um sindicato, não mais inovou  e se manteve no mercado até 1948 segundo algumas fontes ou 1955 segundo outras.

Em 2000 a marca foi ressuscitada nos EUA e voltou ao mercado, fabricando canetas similares às antigas de maior sucesso, inclusive um modelo "Mark Twain" com sistema Crescent Filler.

22/05/2022

Montblanc Meisterstück

A linha de canetas tinteiro Meisterstück da marca alemã Montblanc se apresentou no mercado em 1924 e vários modelos foram produzidos daí em diante. Alguns dos mais conhecidos hoje são: 144 (Classic), 145 (Chopin), 146, 147 (Traveller) e 149. (1)

Dentre esses, o mais procurado e apreciado entre aficionados é o 149, que é uma caneta de maior dimensão e com mecanismo de enchimento próprio de pistão acionado por tampa cega rosqueável. Além disso, essa caneta está exposta permanentemente no Museu de Arte Moderna de Nova York. Há diferenças de tamanho (comprimento e espessura) das canetas, das penas, do mecanismo de enchimento (próprio de pistão, cartucho ou cartucho/conversor) e fixação da tampa (rosca ou pressão) entre os modelos, porém no aspecto visual são parecidas. A 146 e 147 por exemplo tem as mesmas dimensões, porém a 146 tem mecanismo de pistão e a 147 só aceita cartucho. Já a 144 e 145 aceitam tanto cartucho como conversor. É preciso sempre observar o sistema de abastecimento de tinta do modelo, pois isso pode ser importante para o usuário. Resumindo: algumas Montblanc só aceitam cartuchos, outras, além do cartucho, aceitam alternativamente conversor específico da marca que é rosqueável e há ainda as com mecanismo próprio de pistão. Depende do modelo e ano de fabricação.

Meisterstück é uma palavra alemã que pode ser traduzida como obra de arte, obra prima ou obra de mestre e as canetas são consideradas verdadeiras jóias. São bastante valiosas, daí serem objeto de falsificações. É preciso estar atento em aquisições, seja de canetas novas ou usadas, para não acabar com uma falsa nas mãos.

Por curto período ao final dos anos 1980 e início dos 90 as canetas vinham com um W (de West) gravado antes do Germany no anel do clipe para indicar procedência da Alemanha Ocidental. Em períodos anteriores e depois dessa data, com a unificação, está gravado apenas Germany. Nas penas (2), desde 1930, é gravado a altura da montanha que dá nome à marca, 4810 metros (3). Desde 1991 são gravados também um número de série no anel do clipe (lado direito). Na compra original do produto em lojas próprias ou autorizadas, o nome do comprador é cadastrado associado a esse número de série. Ou seja, há registro permanente do primeiro dono da caneta. Há também a palavra "PIX" (marca registrada da empresa) no clipe (4). Detalhes como esses ajudam na identificação do período de fabricação das canetas bem como na sua procedência e podem auxiliar na identificação das canetas originais.

Informações relevantes:

1-Originalmente, o significado dos modelos com três números indicavam para o primeiro dígito o preço (1=alto, 2=médio e 3=econômico), o segundo dígito o tipo de carregamento de tinta e o terceiro o tamanho da pena;

2-Os números 585 e 750 ou Au 585 e Au 750 gravados na pena se referem a ouro 14K e 18K e são portanto informações redundantes;

3-Não há marcadores para identificar a espessura das penas;

4-A palavra PIX na parte de baixo do clipe foi introduzida em fins dos anos 1990, ou seja, anos depois do número de série.

02/05/2022

Sheaffer's pneumáticas

Da década de 1930 até a década de 1960 a Sheaffer produziu variados modelos de canetas tinteiro dotados de sistemas de enchimento pneumáticos que até hoje são muito apreciados por aficionados, apesar de não serem de fácil manutenção. 

Começou em 1934 com o sistema Vacuum Fill, composto de um êmbolo com haste de metal e sem saco de borracha. O êmbolo é puxado pela haste presa na tampa cega e ao ser rapidamente empurrado cria um vácuo no reservatório do barril que suga a tinta rapidamente. Alguns modelos foram feitos com corpo semi transparente e é possível ver a tinta lá dentro. Aí é só rosquear a tampa cega novamente. Tem grande capacidade de armazenagem de tinta e a vantagem de encher num golpe só.

Em 1949 este sistema foi substituído pelo Touchdown, com um saco de borracha para armazenamento e haste de tubo metálico mais espesso que a Vacuum Fill. O saco de borracha impede que o êmbolo entre em contato com a tinta e portanto diminui a capacidade do reservatório. A operação de enchimento é a mesma, só que é preciso aguardar alguns segundos com a pena mergulhada no tinteiro até a tinta ser sugada.

Uma inovação ocorreu em 1952, sendo acrescentado ao mecanismo algo mais complexo. Ao girar a tampa cega para ser liberada, o mecanismo empurra um tubo oco que sai detrás da pena e se alonga o suficiente para ser mergulhado na tinta. Este tubo é que conduzirá a tinta ao reservatório, sem sujar a pena. O procedimento depois é o mesmo dos anteriores. Durou no mercado até os anos 1960 e é chamado Snorkel.

No Brasil a fábrica da Sheaffer produziu na década de 1970 canetas Touchdown chamadas School (estudante) com pena de aço bicolor e tampa não rosqueável ao corpo (fixada por pressão).

Há vantagens e desvantagens nestes sistemas e as opiniões são diversas. O que é evidente é que pela maior complexidade a sua manutenção requer conhecimento e várias peças de reposição. Ou seja, não é tão simples quanto outros. Talvez até por essa razão são ainda tão procurados.

01/05/2022

Esterbrook e a Dóllar Pen

Poucas marcas são tão tradicionais quanto as canetas americanas Esterbrook. De 1858 a 1971 foram produzidos muitos modelos e era conhecida tanto pela qualidade quanto por preços mais acessíveis. Eram famosas pela facilidade de substituição das penas, que eram simplesmente rosqueadas no corpo e existiam em várias espessuras. Podiam então ser encontradas avulsas nas lojas e trocadas pelo próprio usuário.

Em 1935 foi lançado o modelo conhecido como Dóllar Pen, pois era vendido a partir de 1 dólar. Na verdade, somente a de cor preta tinha este preço. As coloridas custavam 1,50. Existiam em três formatos: Standard, Slender e Demi. A Slender mais fina e a Demi mais curta. Possuíam um anel de aço na tampa, mas em 1942 devido ao esforço de guerra foram fabricadas sem este anel. Em 1938 houve mudança no desenho do clipe e da alavanca de enchimento do reservatório. Essas características são as únicas que podem ser usadas como referência para se saber o período em que foram fabricadas. 

No Brasil funcionou também uma fábrica desta marca icônica cujas canetas eram de qualidade equivalente às americanas. 

Em 2014 a marca foi ressuscitada nos EUA e voltou ao mercado.

01/03/2022

Parker 180

Em 1977 a Parker lançou um modelo de caneta com algumas características diferentes, conhecida como Parker 180. O corpo é bem mais delgado que as tradicionais, mas o principal apelo comercial era dirigido para sua pena inovadora que foi projetada para escrever em duas espessuras, bastando para tal girar a caneta 180 graus, daí seu nome. Duas opções de penas foram disponibilizadas. Uma com ponta Fina/Grossa e outra com ponta Extra fina/ Média, marcada no alimentador. Essas penas também eram diferentes das tradicionais, com aspecto mais pontiagudo e de material mais rígido, com uma peça adicional de reforço inserida

Funcionam com cartucho ou conversor, porém por serem mais delgadas não aceitam esses acessórios quando mais espessos. Criaram conversores metálicos próprios chamados Squeeze e os conversores plásticos atuais que funcionam como seringa também são compatíveis.

Ficou no mercado por pouco tempo, até 1985, e foram fabricadas no Brasil também.

27/02/2022

Aficionados: perfis e mercado

Todos sabemos das dificuldades de encontrar e adquirir instrumentos de escrita antigos, entretanto, a internet revolucionou o mercado e colocou a disposição possibilidades inimagináveis há tempos atrás. Se antes esses objetos tinham que ser garimpados em lojas e antiquários físicos, hoje podemos procurar e pesquisar em sites de venda especializados ou não e leilões no mundo inteiro sem sair  de casa.

As desvantagens de compras online são os riscos inerentes, ou seja, a idoneidade do vendedor e não saber exatamente as condições dos objetos, que muitas vezes são ofertados no estado em que se encontram e que não é possível avaliar a distância todos os problemas. Há ainda o custo do frete, que pode inviabilizar a compra.

Claro, sites especializados oferecem produtos normalmente revisados e em boas condições, mas cobram por isso. Aficionados e colecionadores mais exigentes preferem esse caminho de baixo risco, mas pagam caro.  Outrossim, há vários perfis de aficionados, seja pelo poder financeiro de cada um ou mesmo de preferências pessoais e até sentimentais.

Por exemplo: Aficionados menos exigentes, que apreciam esses objetos e normalmente fazem uso deles em seu dia a dia não se importam muito com pequenos danos em canetas e lapiseiras antigas, desde que não interfiram em seu correto funcionamento. Estão cientes que foram fabricados com alta qualidade e feitos para durarem muito tempo. Pequenos danos são marcas do uso e alguns até gostam destas cicatrizes.

Para quem se aventura neste mercado de maior risco e menores preços, eventualmente se depara com a necessidade de realizar alguma manutenção em peças compradas e normalmente procurar serviços prestados por terceiros. Neste caso não há meio termo, pois por serem artesanais são serviços de mão de obra caros. Se adicionalmente houver necessidade de substituição de peças o custo pode se tornar inviável. Daí a importância disso tudo ser pensado e avaliado antes das compras.

É surpreendente como canetas e lapiseiras tão antigas e bastante usadas possam ainda funcionar tão bem, manter seu bonito aspecto e escrever melhor que muitas atuais. São objetos feitos para durarem bastante tempo, muitos fabricados antes de nascermos e que ainda estarão por aí depois de nós.